Escrevo quando penso. Dias por vezes passam que sinto a vida fugir-me das mãos. Sinto
desconforto de existir. A simples tarefa de ser me cansa cumprir. Creio que a vida é apenas um ensaio para uma peça que
jamais irá estrear. E de que vale ensaiar se nunca vamos actuar? Gostava de acreditar que tudo em que acredito é mentira.
Talvez fosse mais feliz se não pensasse. Talvez vivesse mais se não quisesse tanto viver. Ninguém tem a resposta à questão
que me perturba, mas parecem não se importar com a incerteza. Estranho. É esta escrita perturbada que escrevo quando penso. Quem
me dera não pensar e escrever antes as cores que pintam a vida para disfarçar a morte. Quem me dera não pensar e escrever
antes as horas felizes da vida que atrasam a morte. Mas penso. E escrevo.
Sofri o grave frio dos medos, adoeci. Sei que ninguém soube mais dele. Sou homem,
depois desse falimento? Sou o que não foi, o que vai ficar calado.
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Às vezes o pensamento está em silêncio mas nele correm rios de palavras soltas
que se acumulam e desaguam neste mar de dúvidas e incertezas. Aqui não se publicam verdades absolutas, apenas vivências do
passado.
Hoje, o silêncio é de ouro, porque esse consegue dizer mais de mim do que
qualquer palavra que possa aqui escrever...
Mas. Talvez. Porém. Contudo.
São palavras que por si só contém uma conotação de incerteza, uma indecisão, uma incógnita
dependendo sempre do contexto em que estão inseridas, obviamente, mas que na generalidade quando inserida em qualquer frase
dita banal revela mais de nós do que realmente poderiamos até pensar. Revelam a nossa indecisão perante os nossos gostos,
revelam incertezas perante as decisões que tomamos durante a vida, perante os nossos actos, perante ate nos próprios.
Por vezes é complicado fazer com a que a nossa opinião prevaleça em detrimento da opinião
geral, mas são esses pequenos desafios que enfrentamos diariamente que fazem a diferença, basta por vezes conseguir colocar
aquela dúvida razoável, para fazer a diferença, ou pelo menos sentir essa hipótese.
Na realidade a vida não espera pelas nossas decisões sejam elas as mais acertadas ou não,
e muito menos por reflexões demoradas, sejam elas necessárias. Ou não.
A vida não para, simplesmente.
É como a agua que corre no rio.
É como o dia se transforma inevitavelmente em noite…Transmito a minha alma, falo com
as palavras que escrevo,comunico com as palavras que murmuro...
Se vocês me conhecessem realmente, saberiam que... Nestas folhas dispo as palavras Derramando
o que a alma me dita O coração me grita Tornando-as submissas aos meus caprichos Saboreando cada sílaba da sua essência
Que por trás destas linhas Existe alguém apaixonado pela vida Transparente como a água Quente
como o sol E que chora quando assim tem de ser
Que adora as coisas simples da vida O aroma do mar, o salgado das suas ondas, Um sol
que se expõe, uma árvore que partilha a sua sombra, Uma bebida fresca, um beijo doce, um jantar a dois, Um conjunto
de velas, uma companhia perfeita
Eterno sonhador Com os pés bem assentes no chão Luto diariamente contra as sombras
da rua Detesto conversas fúteis, pessoas mesquinhas, Hipocrisia tira-me do sério
Tenho dificuldade em confiar e expor normalmente o meu coração, Não sabemos o que as outras
pessoas vão fazer com ele. Já expus poemas que não quis escrever Foram gritos apenas que a minha alma não soube conter
Desde o primeiro choro, Que vivo para amar E se nasci a chorar, hei-de morrer a sorrir Pois
loucas são as noites que passo sem dormir
É por esse sentimento que tento ser o mais sincero Que a minha alma me permitir Pois
sem ele o existir não teria mais sentido
Resposta aos desafios de A VOZ
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